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Entrevista com Capitão Reza - Prático no Irã

Uma de minhas (muitas) ideias é conhecer como funciona a Praticagem ao redor do mundo. Tenho tentado contato com Práticos de todos os cantos, com a intenção de trazer para vocês o conhecimento adquirido, através de conversas tidas com nossos colegas de profissão.
Entrevista com Capitão Reza  - Prático no Irã
Bandar Abbas Port (GEOEYE / SCIENCE PHOTO LIBRARY)

E para nossa estréia em grande estilo, consegui um bate papo com um Prático do Irã, Capitão Reza (siga no instragram)

Acompanhe minhas descobertas....

A entrevista foi feita por email, existem lá regras muito rígidas sobre o uso da internet, não foi possível gravar.

Perguntei a ele sobre como era trabalhar por lá, a formação necessária, os desafios do Porto onde ele trabalha, como são as condições meteorológicas.... Claro, perguntei também se há mulheres trabalhando como Práticos lá, e a média de salário (mas esta ele não respondeu...😝). Não nos esqueçamos da diferença cultural entre nós e eles, não é mesmo?

Como Capitão Reza chegou à função de Prático de Navios

Capitão Reza era Terceiro Oficial de uma Shipping Company quando, em 2008, começou a trabalhar como operador de controle no Porto Bandar Abbas. Dois anos depois, foi promovido a supevisor de controle, até que foi contratado como Praticante de Prático (profissão da qual ouviu falar pela primeira vez quando ele estava no segundo semestre da Maritime University, e pela qual se interessou profundamente). Hoje ele atua como Pilot Class 1 no Porto de Bandar Abbas.

A formação necessária

De acordo com as leis e normas daquele país - conta Captain Reza - a qualificação mínima para se tentar entrar na profissão de Prático são: ser Bacharel em Navegação Marítima e também ser Segundo Oficial habilitado para navios internacionais ("unlimited international ships").

Tendo tais requisitos preenchidos, a Autoridade Portuária aplica diversos testes para o recrutamento de Práticos, os quais incluem provas teóricas acerca do conhecimento no tema, testes psicológicos e também testes físicos (algo semelhante ao que temos aqui no Brasil).

Cap Reza estava trabalhando no VTS (Vessel Traffic System), quando o responsável por aquele Porto o escolheu para participar do Processo Seletivo para Prático de Navios, por ser um trabalhador dedicado e responsável.

Como é o Porto de Bandar Abbas?

O Porto de Bandar Abbas é um dos principais portos do Irã, com outros nove portos secundários no país. As condições climáticas, segundo o Prático, são boas, consideradas normais. Contudo, no inverno as coisas podem ficar mais tensas, com rajadas de vento que podem chegar 40 knots e ondas de até 2m.

O comprimento do canal de acesso é algo em torno de 5 milhas, uma manobra comum, corriqueira, leva cerca de 2 horas. Mas existem manobras mais complexas, levando cerca de 5 horas do começo ao fim.

Quais serão os maiores desafios por lá?

Os maiores riscos - diz Cap Reza - são as áreas rasas próximas ao canal e a corrente que pode variar de 3 a 5 knots, quase perpendicular ao canal na boca da barra! 😱

Praticar naquele Porto requer muita energia e concentração, pois, como na grande maioria dos Portos, qualquer cálculo mal feito pode levar ao desastre.

Há também um risco específico quando manobram navios RORO (roll-on roll-off), por causa da área vélica e a velocidade do vento, além das operações de atracação de grandes petroleiros no cais de Foulad, muito delicadas devido ao calado de 13 metros, além da falta de quebra-mar naquele cais.

Estude para o Prova de Prático e aproveite para apoiar o canal, comprando suas referências através dos links abaixo (compras via Amazon):

A rotina dos Práticos no Porto de Bandar Abbas:

Eles são em torno de 40 Práticos, divididos em basicamente 2 turnos. Trabalham em escalas de 15 dias ininterruptos, não tem horário específico de trabalho, eles atendem às demandas conforme surgem.

Praticamente todo tipo de navio atraca por lá: LPG, LNG, navios de passageiros, RORO, navio-tanque, graneleiro, containeiros, navios de guerra, barcaças, etc....

Não há mulheres trabalhando como Práticos lá, mas nos conta Cap Reza que algumas mulheres começaram a estudar os temas. Quem sabe em breve a gente chega lá?

Ele se despede na esperança que no país dele a profissão seja mais respeitada, com condições melhores de trabalho - ele coloca que os equipamentos não são os mais modernos, nem os rebocadores. Alguma semelhança aqui é mera coincidência, não é mesmo?

Ainda deseja aos colegas de profissão aqui no Brasil sucesso na jornada!

Bem, foi esta a rica experiência compartilhada comigo, e que trago aqui com muita alegria!

Espero que tenham gostado, meus caros!

Bons ventos nos levem!

REZA on Instagram‎: ”طالب رشد هستید؟ تنهایی خود را بشناسید ، با آن سخن بگوید و چای بنوشید،در آغوشش گرفته و همچون گنجی‌گران بها از آن مراقبت کنید. #sea #ship #seafood #sealife #pilot #boat”‎
REZA (@captain.reza.k88) on Instagram‎: ”طالب رشد هستید؟ تنهایی خود را بشناسید ، با آن سخن بگوی...”‎

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